Por que o iPhone no Brasil é o mais caro do mundo?

Por que o iPhone no Brasil é o mais caro do mundo? Pesquisas mostram que nenhum outro país têm preços mais “salgados” que o Brasil na hora de comprar os tão cobiçados aparelhos da Apple

A vida do consumidor brasileiro nunca foi fácil. E quando o assunto é realizar um sonho de consumo, como a compra do modelo mais recente do iPhone, a única alternativa, para muitas pessoas, é parcelar o produto em “suaves prestações” a perder de vista.

Também, pudera: com inflação alta, crédito caro e dólar cada vez mais caro, a melhor alternativa para adquirir um aparelho eletrônico importando é aproveitar a Black Friday e outras promoções para tentar economizar o máximo possível.

No entanto, o que os fãs da tecnologia têm dificuldade para entender é por que os tão cobiçados produtos da Apple vendidos no Brasil, como iPhone, iPad, AirPods e Macbook, podem custar quase o dobro do valor cobrado em seu país de origem e em outras partes do mundo.

Para explicar por que isso acontece, este artigo fará uma análise da composição dos preços do iPhone no país para descobrir quais fatores contribuem mais para o encarecimento do aparelho por aqui.

O que explica o preço exorbitante do iPhone no Brasil?

Quando se fala em iPhone no Brasil, logo vem à mente a ideia de um produto de luxo, ao qual pouquíssimos “privilegiados” têm acesso, já que até mesmo as versões de entrada do aparelho mais vendido da Apple no mundo podem custar vários milhares de reais.

De fato, diversas pesquisas apontam que, em termos de preço, nosso país é imbatível. E não estamos falando apenas de países emergentes, como a Rússia, onde o smartphone da Apple custa metade do que é cobrado em nosso mercado, mas também de países com altíssimo padrão de vida, como a Noruega, onde o iPhone chega a ser um terço mais barato.

Considerando o último lançamento da marca, os preços da linha do iPhone 14 permaneceram os mesmos da geração anterior, cujo preço médio girava em torno de R$ 8.663. Se convertido para dólares, esse valor é de longe o mais caro do planeta.

Para ficarmos nos exemplos dos países mencionados, na Noruega, o aparelho é vendido por R$ 6.306, enquanto na Rússia, ele custa em média R$ 3.816.

Essas estimativas são fornecidas pela seguradora Hellosafe, que fez um levantamento mundial dos preços do iPhone e de outros produtos da Apple e descobriu que, entre os quase 40 países pesquisados, o Brasil é, disparado, o mercado onde o principal dispositivo da gigante californiana da tecnologia custa mais. Como explicar essa distorção?

Os grandes vilões do preço

Como não poderia deixar de ser diferente, os grandes vilões do preço exorbitante do iPhone no Brasil são os impostos.

Para se ter uma ideia do peso dos tributos no valor final do produto vendido por aqui, cerca de 40% da quantia paga pelo consumidor final para levar o smartphone da Apple para casa corresponde a tributos, com destaque para os impostos estaduais, que respondem por 17% desse montante. Em seguida, estão os impostos de importação, responsáveis por quase 15% do preço final de venda do dispositivo, seguidos dos impostos federais, ao redor de 8,37%.

Mas não para por aí. Por se tratar de um produto importado, o dólar também acaba pesando nessa conta. A valorização da moeda americana contra o real faz com que o aparelho fique ainda mais caro por aqui, em razão da diferença entre as taxas de câmbio.

Mas os valores nominais podem não transmitir uma noção correta da discrepância dos preços em relação à renda per capita de cada país. Tomando como base o poder de compra medido pelo salário mínimo, um australiano só precisa trabalhar doze dias para adquirir um iPhone novo, enquanto o brasileiro tem que trabalhar muito, muito mais: quatorze meses.

Em vista de tudo isso, dá para entender por que o iPhone brasileiro é o mais caro do planeta.